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Primeiras vezes

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escola

Setembro tem gosto de recomeço. De renovo. Apesar das folhas começarem a mudar de cor e cair em breve. O verão é bom pra descansar, mas sei lá, é um tempo meio agitado, quando a gente não para em casa praticamente porque precisamos curtir o sol pelo pouco tempo que ele nos agracia. Eu gosto de rotina, e recebo mais esse setembro de braços abertos, feliz pela volta da mesmice nossa de cada dia. E esse setembro marca o início de um novo período na nossa família.

Minha filha mais velha, de 11 anos, mudou de escola, e a nossa rotina também mudou com essa novidade. Antes, era só atravessar a rua e as duas estavam na escola. Agora, tenho que levar a mais velha de carro e voltar pra deixar a pequena na frente de casa. O relógio nos desperta uns 40 minutos mais cedo agora. Depois de encarar um transitozinho nos dois primeiros dias de escola que quase fez as meninas se atrasarem, aprendi a lição e agora saimos mais cedo de casa. Outra mudança é que na idade da Laura, não tem mais serviço de after school care (um lugar onde as crianças ficam depois da escola por volta das 3, até os pais buscarem do trabalho), então ou eu a busco, ou ela tem que voltar sozinha pra casa. Sexta-feira foi a primeira vez que ela voltou sozinha de ônibus público porque eu iria trabalhar de tarde. Ela tirou de letra, óbvio, ansiosa pela liberdade que eles tanto querem nessa fase da vida. Ajuda que o ponto do ônibus fica bem na calçada da escola, e ela desce na frente de casa, uns 20 minutos de viagem no total. Ainda assim, eu fiquei cheia de recomendações pra ela. Chequei várias vezes se ela tinha pego o passe do ônibus, a chave de casa. Deixei um recado na cozinha pra ela me mandar mensagem assim que chegasse em casa. Eu acabei mandando a mensagem antes de receber a dela. “Acabei de chegar, mãe, tá tudo bem”.

Nesse verão fizemos alguns testes dela ficar sozinha em casa por alguns minutos, menos de uma hora. Eu queria garantir que ela ia se sentir bem sozinha, confortável. Não fico preocupada com perigo, com estranhos batendo na porta de casa. Só queria que ela se sentisse segura sem nenhum adulto por perto. Ela já se vira na cozinha numa boa, frita ovo e esquenta comida no microondas. E agora ela tem um telefone. Foi outra necessidade que sentimos com essa nova fase. Não temos telefone fixo em casa. No caso dela precisar se comunicar com a gente, tinha que ter um telefone. Nunca pensei que daria celular pra um filho com 11 anos. Mas aconteceu. É recente, muito novo. Ainda estamos nos adaptando com a nova dinâmica da família.

Percebo que as novidades não são de agora. Os últimos meses foram marcados por primeiras vezes também.

Alice, a mais nova, começou a estudar piano tem poucos meses. Ela já demonstrava interesse, sentando no meu órgão e brincando de tocar. Arranjamos uma professora particular e ela tem evoluído muito bem e rápido. Tem uma memória incrível pra guardar as musiquinhas que aprende a cada aula. Já sabe ler algumas notas tanto na clave de sol como de fá. E a gente está aprendendo música em inglês junto com ela. Dó ré mi agora é C, D e E.

Esse ano eu fiz geleia pela primeira vez.

geleia

Doei sangue pela primeira vez.

doar-sangue

Fiz uma trilha que queria visitar há muito tempo pela primeira vez.

trilha

Fiquei uma semana sem comer carne pela primeira vez.

vegetarian

A Alice andou de caiaque pela primeira vez.

caiaque

Também aprendeu a fazer laço.

A video posted by @anapcal on

Assisti a uma peça de teatro do Bard on the Beach pela primeira vez.

bard

Neste ano foi a primeira vez que não fiquei mal quando voltei pra casa depois de visitar o Brasil, ou de despedir dos meus pais quando eles vêm aqui. Até então, eu percebia que ficava bem triste com a partida deles, ou quando voltava pra casa e tinha que encarar a vida longe deles novamente. Mas dessa vez foi diferente. Fiquei bem, estou bem.

É engraçado essa sensação de recomeço, de estreias. O ser humano tende a ser acomodado, a ter até medo de mudanças. E a gente percebe que a vida é uma constante mudança. Que nada fica igual como antes pra sempre. As pessoas mudam, as circunstâncias mudam, as estações mudam. 2015 tem sido bem especial pra gente. É uma nova fase pra mim como mãe, principalmente com essa coisa da Laura na escola nova. Não só escola nova, mas programa novo, porque ela entrou na Imersão Francesa (vou falar disso em breve aqui no blog). Tá tudo mudando por aqui e eu tô ainda meio baratinada, recolhi meus remos do barquinho e estou observando pra onde as ondas estão me levando. Eram mudanças que eu sabia que estavam por vir, estava um pouco apreensiva, mas agora que está finalmente acontecendo, vejo que não tinha o que temer. Ela está pronta pra esse desafio novo, e essa segurança dela é que me tranquiliza. A gente pensa que educar filhos é uma via de mão única, mas a gente aprende tanto com eles.

Um brinde a primeiras vezes, recomeços e novidades.

Nota: Vejam o comentário da Ana Luiza sobre a idade mínima para uma criança ficar sozinha no Canadá.


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